A nível nacional pouco se conhece sobre a experiência da vitimação no contexto prisional,
não havendo estudos sobre a sua prevalência e, menos ainda, que procurem analisar a sua
associação a um historial de violência direta e ao longo da vida. Assim, o presente estudo
tem como objetivos: estimar a prevalência de violência direta e da vitimação ao longo da
vida de mulheres e homens reclusos, incluindo a vitimação prisional actual e caracterizar o
seu ajustamento psicológico em função dos dados sociodemográficos e criminais. Recolheuse
uma amostra de 394 participantes em situação de reclusão em vários Estabelecimentos
Prisionais da Região Norte e Centro. Foram aplicados como instrumentos um questionário
sociodemográfico e criminal, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e o Questionário
de História de Adversidade na Infância (ACE). Os resultados indicam que 88% experienciou
adversidade na infância, sendo as mulheres que mais relatam ter sofrido abuso físico
na infância. No que toca à vitimação prisional, 25% dos participantes reportam terem sofrido
algum tipo de violência no contexto prisional. Relativamente aos sintomas psicopatológicos,
ao nível do Índice de Sintomas Positivos, 50% dos participantes pontuam acima do ponte de
corte, bem como todas as subescalas encontram-se acima da média para a população geral.
Verifica-se que quem relata ter sofrido vitimação prisional relata também mais experiências
adversas na infância, comparativamente com quem não relata vitimação no contexto prisional.
- MESTRADO EM PSICOLOGIA DA JUSTIÇA
- PSICOLOGIA
- PSICOLOGIA FORENSE
- VITIMAÇÃO
- RECLUSOS
- INFÂNCIA
- TID:202042049
Vitimação na infância, vitimação prisional e desajustamento psicológico na população reclusa em Portugal: o papel da vitimação direta na infância
Ribeiro, P. A. D. S. (Autor). 2018
Tese do aluno: Dissertações de Mestrado