Estudos sobre a associação entre disfunção cognitiva e criminalidade demonstram que,
indivíduos em situação de reclusão, nomeadamente indivíduos reincidentes e condenados por
crimes violentos, tendem a apresentar um padrão de funcionamento marcado por dificuldades
ao nível das competências cognitivas, sociais e emocionais. Com este estudo, objetivou-se
avaliar e caracterizar o funcionamento executivo de indivíduos em situação de reclusão, em
função do tipo de crime e número de detenções prévias. Com base nesta relação, hipotetizou se que, tanto os reclusos reincidentes como os condenados por crimes violentos, apresentariam
maiores défices executivos, assim como assumiriam maiores riscos na tomada de decisão,
contrariamente aos indivíduos primários e aos condenados por crimes não violentos. A amostra
compreendia um total de 50 participantes, em diferentes fases do cumprimento de pena,
condenados por diversos tipos de crime, e cujas avaliações neuropsicológicas foram realizadas
com base em provas como o MoCA, FAB, MD, WCST e IGT. Os dados dos participantes foram
analisados com recurso a procedimentos paramétricos, nomeadamente testes T para amostras
independentes. Os resultados obtidos revelaram um desempenho semelhante entre os
participantes de cada subgrupo (i.e., reincidentes vs. primários; violentos vs. não violentos), por
isso, do ponto de vista da significância estatística, não foi possível confirmar as hipóteses
colocadas. Estes resultados sugerem alguma inconsistência na discriminação de um subgrupo
que se destacasse pelas suas capacidades ou comprometimentos cognitivos.
- MESTRADO EM NEUROPSICOLOGIA APLICADA
- NEUROPSICOLOGIA
- FUNÇÕES EXECUTIVAS
- CRIMES
- RECLUSÃO
- AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
- TID:203032063
Ser ou não ser? Eis a função : uma abordagem ao funcionamento cognitivo de indivíduos em situação de reclusão
Gonçalves, I. I. F. (Autor). 2022
Tese do aluno: Dissertações de Mestrado