Objectivo. O treino resistente (TR) providência inúmeros benefícios para a saúde e
como tal é relevante para a saúde publica. No entanto, os principais locais de prática
continuam a sofrer altas taxas de desistência, e os dados relativos à prática de
exercício numa parte significativa da população mundial mostra que a maioria das
pessoas leva uma vida com elevado comportamento sedentário, tornando o
desenvolvimento de estratégias para a manutenção da prática de exercício de extrema
importância. Uma abordagem para este problema poderá assentar na resposta afetiva
ao exercício. Baseada em princípios hedónicos, a evidência sugere que o ser humano
tende a desempenhar atividades que considera prazerosas enquanto evita a dor e o
desprazer. Nesta abordagem, a Feeling Scale (FS) e a Felt Arousal Scale (FAS) têm
sido extensivamente utilizadas na literatura para medir a dinâmica afetiva de uma
sessão de treino. No entanto, a literatura atual sobre a resposta afetiva ao TR é ainda
preliminar, com mais investigação a ser necessária para esclarecer questões
metodológicas na sua medição e em como promover programas de TR mais
prazerosos e sustentados no tempo. Como tal, o objectivo desta dissertação de
mestrado consistiu em explorar a relação da resposta afetiva em dinâmicas de TR,
particularmente num dos seus contextos ecológicos mais frequentes, os ginásios e
health clubs.
Método. De modo a cumprir este objectivo, foram realizados dois estudos: uma
revisão sistemática da literatura e um estudo quasi-experimental. Na revisão, uma
pesquisa da literatura foi realizada com o objectivo de analisar como a FS e/ou a FAS
têm sido aplicadas na medição e aferição da resposta afetiva no TR. A sua
viabilidade, timing de aplicação, e implicações para a medição da resposta afetiva
foram o foco desta análise, permitindo apresentar recomendações para a sua aplicação
tanto em situações de vida real como em investigações futuras. No segundo estudo,
um programa de TR foi desenvolvido e aplicado a praticantes de exercício, com um
desenho quasi-experimental, com o objectivo de: (1) explorar a dinâmica da resposta
afetiva através da sua contínua avaliação depois da última série de cada exercício,
prescrito até à falha muscular; e (2) analisar possíveis diferenças entre perfis de
preferência e tolerância da intensidade em variáveis afetivas (core affect e
divertimento). Para esse efeito, um total de 43 participantes foram recrutados em dois
health clubs na zona de Lisboa. Estatística descritiva, análises correlacionais e
ANOVAS de medidas repetidas, assim como vários testes não paramétricos, foram
realizadas para testagem das hipóteses em estudo.
Resultados. Após uma meticulosa pesquisa em três diferentes bases de dados, um
total de 26 estudos foram incluídos e qualitativamente analisados na revisão
sistemática. Os resultados indicam que ambas as escalas foram eficazes na medição
do core affect dentro de uma ampla variedade de intensidades, idades, equipamentos e
em ambos os géneros. No entanto, problemas metodológicos, falta de parametrização
e uma heterogeneidade geral nos protocolos aplicados foi detetada na maioria dos
estudos, podendo assim enviesar resultados e limitar a sua interpretação. O segundo
estudo demonstrou que a aplicação da FS/FAS imediatamente após uma série
representa uma abordagem viável e ecologicamente valida de medir o core affect. Em
praticantes regulares de exercício, uma única medição numa sessão de TR parece ser
suficiente para compreender a sua resposta afetiva, salvaguardando-se vários casos
onde mais medições poderão permitir uma interpretação mais detalhada. Foi possível
ainda verificar que indivíduos com perfis de preferência e tolerância diferentes
apresentaram respostas afetivas distintas. Em geral, perfis mais elevados nestasvariáveis apresentavam respostas afetivas mais positivas, suportando as hipóteses
previamente definidas.
Conclusão. De forma geral, a FS e a FAS são escalas viáveis e úteis na medição da
resposta afetiva no TR, disponibilizando informação mais rica e detalhada quando
cruzadas no modelo circumplexo de afetos. Adicionalmente, uma medição
imediatamente após uma série parece ser uma abordagem viável e ecologicamente
válida de medir o core affect.
- MESTRADO EM EXERCÍCIO E BEM-ESTAR
- BEM-ESTAR
- ATIVIDADE FÍSICA
- EXERCÍCIO FÍSICO
- NUTRIÇÃO
- SAÚDE
- TREINO DA RESISTÊNCIA
- AFETIVIDADE
- TID:203110870
Resposta afetiva e treino com resistência : uma exploração baseada em pressupostos hedónicos
Bastos, V. A. (Autor). 2022
Tese do aluno: Dissertações de Mestrado