Os educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário são, na
sociedade de hoje, desafiados por inúmeros problemas, designadamente a exigência de
promoverem o desenvolvimento das potencialidades de todos os seus educandos, numa
escola que se quer democrática e inclusiva. Para desempenhar eficazmente o seu trabalho,
a literatura indica um perfil específico de docente, a do professor líder. Este é um
profissional com capacidade de liderança pedagógica que provoca a aprendizagem nos
seus alunos, a busca para si próprio e a partilha com os seus colegas, donde resulta uma
melhoria das suas competências pessoais e profissionais, uma maior realização pessoal e
profissional, bem como mais bem-estar. Causou-nos perplexidade, porém, durante a revisão
da referida literatura, que não se criticassem os pressupostos subjacentes a um tal perfil,
nomeadamente a dimensão pessoal, na forma de um carácter virtuoso, que alicerçaria
muitas das características do perfil elencadas pelos autores. Pareceu-nos que, para tal, a
inteligência espiritual, enquanto faculdade construtora de valores, desempenharia também
um qualquer papel.
Assim, a questão de investigação que orientou o presente trabalho foi: como se
relacionam liderança pedagógica, bem-estar e inteligência espiritual em educadores de
infância e professores dos ensinos básico e secundário?
Para responder a esta pergunta, realizou-se um estudo correlacional transversal,
com recurso a metodologias quantitativas e qualitativas, tendo os dados empíricos sido
recolhidos através de inquéritos por questionário e entrevistas de grupo (focus groups).
Os principais resultados deste estudo revelam relações estatisticamente
significativas entre inteligência espiritual e suas subdimensões, a liderança pedagógica e o
bem-estar global. Assim, a inteligência espiritual apresenta uma correlação positiva
moderada com a liderança pedagógica, e positiva forte com o bem-estar. A correlação entre
a liderança pedagógica e o bem-estar global é positiva, sendo a relação mais forte entre as
variáveis do estudo. Constatou-se ainda que a liderança pedagógica e a produção de
significado pessoal, fator do inventário de autoavaliação de inteligência espiritual, são
preditores do bem-estar, explicando 79,8% da variância no bem-estar. Estes resultados
foram explorados através de uma análise de regressão linear com teste aos efeitos de
moderação da variável bem-estar global, com a inteligência espiritual definida como variável
independente e a liderança pedagógica como dependente. Esta análise indicou que o bemestar
moderou de forma significativa a associação entre inteligência espiritual e liderança
pedagógica, sugerindo que a inteligência espiritual influencia a liderança pedagógica, mas
apenas nos educadores e professores com nível baixo de bem-estar global, que são os
sujeitos mais jovens e em início de carreira inquiridos neste estudo.
Os dados da investigação qualitativa esclarecem de forma substancial estes
resultados. Da análise destes dados emergiu ainda o constructo resiliência, não só como
uma temática relacionada com o desenvolvimento dos elementos da teoria do bem-estar,
mas também revelando incluir categorias da inteligência espiritual, designadamente a
«transcendência e abertura ao outro» e a «crença nas potencialidades próprias e nas do
outro».
- DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO
- EDUCAÇÃO
- LIDERANÇA
- PEDAGOGIA
- DESENVOLVIMENTO PESSOAL
- DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
- EDUCADORES DE INFÂNCIA
- PROFESSORES
- BEM-ESTAR
- TID:101517580
Liderança pedagógica, bem-estar e inteligência espiritual em educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário
Antunes, R. R. (Autor). 2016
Tese do aluno: Teses de Doutoramento