Objetivo: Analisar as consequências psicológicas das motivações para a dança e outras variáveis motivacionais, com especial ênfase nos sintomas de distúrbios alimentares e imagem corporal. Adicionalmente, procurou-se explorar as diferenças nestas variáveis em populações de bailarinos de elite e bailarinos amadores (não elite). Método: Primeiramente foi elaborada uma revisão rápida e sistemática da literatura conforme as diretrizes do PRISMA, que visou analisar as dinâmicas motivacionais no contexto da dança e perceber quais as suas consequências psicológicas em amostras de bailarinos. A pesquisa de artigos científicos com revisão de pares publicados até Fevereiro de 2022 foi efetuada no SPORTdiscus e PsycINFO, usando o modelo PICOS. Seguiu-se um estudo observacional transversal com uma amostra de 22 bailarinos de elite e 28 amadores (não elite). Aplicou-se uma bateria de questionários online, para avaliar os fatores motivacionais, sintomas de distúrbios alimentares e apreciação corporal dos bailarinos. Para as análises estatísticas recorreu-se ao teste T e ao teste de correlação de Pearson. Resultados: Foram incluídos 19 artigos na revisão sistemática de literatura que cumpriam com todos os critérios de elegibilidade. Os resultados obtidos demonstraram associações positivas entre as dinâmicas motivacionais positivas (ex. motivações autónomas, satisfação necessidades básicas) e diversos outcomes psicológicos, e associações negativas com dinâmicas motivacionais negativas (ex. orientação para o ego, motivações controladas). No estudo empírico, não existiram diferenças significativas entre os grupos, com exceção para a regulação integrada - níveis superiores nos bailarinos amadores (não elite). Obtiveram-se correlações positivas entre as motivações de origem controlada (i.e., externa e introjetada) e sintomas de distúrbios alimentares, assim como correlações negativas com a apreciação corporal. Contrariamente, confirmou-se uma correlação positiva entre a motivação intrínseca para a dança e a apreciação corporal. Conclusões: Os bailarinos que possuem motivações mais autónomas e que dançam num clima motivacional de apoio à autonomia ou orientado para a mestria/tarefa apresentam outcomes psicológicos mais positivos, como por exemplo melhor imagem corporal, bem-estar físico e psicológico, perfis menos perfecionistas, maior autoestima, enquanto que as motivações mais controladas e climas mais orientados para o ego/resultado geram outcomes mais negativos, como maior burnout e mais sintomas de distúrbios alimentares. Os resultados foram ao encontro dos pressupostos da teoria da autodeterminação, sugerindo que os seres humanos precisam de se sentir autónomos, ou seja, precisam de sentir que estão a fazer o que está de acordo consigo próprios e que o que estão a fazer é interessante e pessoalmente importante para eles, para daí retirarem mais benefícios. Futuramente torna-se relevante desenvolver programas de intervenção nas escolas de dança/conservatórios, assim como a prática de intervenções na formação de professores de dança baseadas na teoria da autodeterminação de forma a aumentar os níveis de imagem corporal positiva, diminuir os riscos de distúrbios alimentares e criar climas motivacionais orientados para a tarefa/mestria. Palavras-chave: Fatores Motivacionais, Motivação, Imagem Corporal, Distúrbios Alimentares, Teoria da Autodeterminação, Clima Motivacional, Dança, Bailarinos de Elite, Bailarinos Amadores (não elite)
- MESTRADO EM EXERCÍCIO E BEM-ESTAR
- DESPORTO
- EDUCAÇÃO FÍSICA
- MOTIVAÇÃO
- IMAGEM CORPORAL
- DISTÚRBIOS ALIMENTARES
- TEORIA DA AUTODETERMINAÇÃO
- DANÇA
- BAILARINOS
- TID:203592352
Fatores motivacionais, imagem corporal e distúrbios alimentares em bailarinos
Vieira, A. M. V. (Autor). 2024
Tese do aluno: Dissertações de Mestrado