A dor crónica é um problema de saúde que afeta gravemente o funcionamento emocional,
físico e social dos indivíduos (Veehof et al., 2016), sendo uma das causas de incapacidade
vivida pelos pacientes à escala mundial (Kohrt et al., 2018). Nos últimos anos, o uso da
tecnologia móvel tem vindo a crescer cada vez mais, nomeadamente no que diz respeito à
autogestão da dor (Sundararaman et al., 2017). Objetivos: O objetivo geral do presente
estudo é avaliar a eficácia da aplicação Chronic Pain Relief (CPR); procurou-se, pois,
verificar se: existe alteração na perceção de dor com a utilização da aplicação; os níveis de
ansiedade interferem na perceção da dor; existem diferenças significativas entre os grupos
experimental e de controlo relativamente aos níveis de ansiedade experimentados e à
perceção da dor. Método: Participaram no presente estudo experimental 14 participantes,
com idades entre os 25 e 61 anos, com diagnóstico formal de dor crónica e com acesso a
smartphone adaptado à aplicação. Os participantes utilizaram a aplicação Chronic Pain
Relief durante o período de 10 semanas. Os dados obtidos foram analisados
quantitativamente com recurso a medidas estatísticas descritivas e inferenciais. A análise
qualitativa foi realizada através da análise de conteúdo. Resultados: Após concluírem a
utilização da CPR, a maioria dos participantes do grupo experimental referiram não ter
sentido diminuição na perceção de dor, não sendo também encontradas diferenças
estatisticamente significativas. No que diz respeito à influência da ansiedade na perceção
de dor ao utilizar a aplicação, os resultados apontam para uma não influência. Em relação à
diferença entre o grupo experimental e de controlo, nos níveis de ansiedade e na perceção
de dor, não se verificou existência de diferenças estatisticamente significativas.
Conclusão: Embora a maior parte dos participantes tenham relatado não sentirem
diferenças na perceção da dor, através do feedback solicitado aos participantes, verificou se que 2 de 7 participantes sentiram a sua perceção de dor diminuída. No que diz respeito à
ansiedade, os participantes relataram que não sentiram diferenças significativas ao
utilizarem a aplicação e apenas referiram que, por vezes, se sentiam mais ansiosos quando
não conseguiam pontuar no jogo. No que concerne às limitações do presente estudo, este
apresenta um número reduzido de participantes do grupo experimental que cumpriram o
plano proposto para a utilização da CPR; um número reduzido da amostra; e a aplicação só
está disponível para o sistema Android. Assim sendo, em estudos futuros, será importante
trabalhar com uma amostra alargada, promover o efetivo cumprimento do plano de
utilização da aplicação que poderá ser facilitado pela disponibilização de um lembrete na aplicação. Será, ainda relevante rever a tarefa proposta para aumentar o grau de
envolvimento do participante e, por sua vez, a sua motivação.
Palavras-chave: dor crónica, tratamento, autogestão, estratégias distrativas, smartphone
- MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE
- PSICOLOGIA
- PSICOLOGIA CLÍNICA
- DOR CRÓNICA
- TID:203514181
Avaliação da eficácia de estratégias distrativas com recurso a tecnologia : estudo experimental na dor crónica
Ferreira, J. S. L. (Autor). 2023
Tese do aluno: Dissertações de Mestrado