Resumo
A densidade visual da pintura flamenga e holandesa afirmou-se devido a uma nova forma de conceber o mundo e o olhar, fornecendo óptimos exemplos de comparação para com o actual cinema digital, desde as epopeias densamente habitadas por milhares de figurantes em programas de auto-gestão, até à densidade visual das layers de pósprodução. Christine Buci-Glucksmann chamou-lhe “olho cartográfico” e Svetlana Alpers
“arte da descrição”. Ambos os conceitos lidam com um olhar nómada, presente também nos panoramas dos séculos XVIII e XIX, devido a enquadramentos arbitrários, mas onde os amplos espaços enquadrados, num ponto de vista ideal, por vezes funcionam como controlo do mundo através da “panoramização” do espaço, que lhe retira o relevo, as profundidades distantes e inacessíveis. Tudo está ao alcance do olho. As imagens tornaram-se semelhantes aos mapas, sendo que estes tinham projectado o mundo num
plano. Isto gerou um efeito-superfície que se generalizou, transformando paredes em
“peles digitais” e a profundidade na horizontalidade plana electrónica, como defende Buci-Gluksmann.
Idioma original | Português |
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Revista | Default journal |
Estado da publicação | Publicadas - 2007 |
Nota bibliográfica
Comunicação e Cidadania - Actas do 5º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da ComunicaçãoKeywords
- CINEMA
- PINTURA
- NARRATIVA VISUAL
- CINEMA DIGITAL