Resumo
As relações Estado-Igreja são, em qualquer local, o reflexo de anos de história e refletem não só a complexidade das diferentes interações institucionais, bem como a pressão e procura social em torno do fenómeno religioso. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Portugal, é um local privilegiado para se proceder a uma investigação sobre os contornos contemporâneos desse fenómeno. É um laboratório vivo das relações Estado-Igreja no país, permitindo examinar as novas e velhas dinâmicas religiosas e políticas, em especial com a Igreja católica. Este artigo, por meio de uma análise diacrónica dessas relações e de uma metodologia descritiva e analítica, procede ao exame do modelo de separação com cooperação vigente em Portugal. Procura-se investigar em que medida o modelo de relações Estado-Igreja estabelecido foi desafiado por um contexto, como a JMJ, em que a visibilidade pública da religião provocou interações mais frequentes e uma relação dialógica mais intensa entre o secular e o religioso. Foca-se na forma como a JMJ pressionou as fronteiras desse binómio, obrigando a constantes redefinições no espaço público, e olha para o modo como isso foi recebido pelos mais altos representantes da nação, os partidos políticos e sociedade civil. Conclui-se que, embora o modelo de separação não tenha sido verdadeiramente afetado, um sistema de cooperação com uma igreja específica foi promovido pelo Estado, garantindo-lhe um lugar de destaque durante os dias da JMJ. Isso parece assegurar a estabilidade de um modelo de secularismo positivo que, no futuro, parece longe de vir a ser afetado.
Título traduzido da contribuição | Religious and political dynamics in Portugal: he WYD 2023 case |
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Idioma original | Português |
Páginas (de-até) | 85-99 |
Revista | REVER: Revista de Estudos da Religião |
Volume | 24 |
Número de emissão | 1 |
DOIs | |
Estado da publicação | Publicadas - ago. 2024 |
Keywords
- religião