Uma história de sucesso? Portugal e o PISA

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Grandes estudos internacionais, como o TIMSS, o PISA, o PIRLS ou o TALIS, tornaram-se, nos tempos de hoje, uma das principais tecnologias de governação nos campos da educação e formação. Nesse conjunto de estudos, o PISA é, seguramente, o que maior influência exerce junto dos decisores políticos, dos gestores escolares ou dos media. Existe uma vasta literatura crítica internacional (e.g. Carnoy 2015; Meyer & Benavot 2013; Pereyra, Kottoff & Cohen 2011) que tem questionado esta dimensão de ‘governação global’. Os trabalhos sobre a participação de Portugal nesses estudos, em particular no PISA, são poucos e muito restritos nos seus campos de abordagem (e.g. projecto KNOWNandPOL; CNE 2010, 2013).

Portugal participa no PISA desde o seu primeiro ciclo em 2000. Sendo um país da (semi) periferia europeia que realizou uma muito tardia expansão da escola de massas (Teodoro 2001), Portugal apresentou em todos os ciclos em que participou até 2012 resultados abaixo da média da OCDE. Em 2015, os resultados ultrapassam essa média nos três domínios analisados (Literacias Científica, Matemática e de Leitura) e Portugal passa a ser apresentado pela OECD como um “caso de sucesso” no contexto dos países europeus (e desenvolvidos), com uma consistente subida desde 2006 (OECD 2016).

O projeto de investigação analisa todos os ciclos da participação de Portugal no PISA (e, secundariamente, de outros estudos internacionais em que o País participou), comparando os processos adoptados na recolha dos dados. Mas, o problema central formulado de uma forma direta é: quais são as implicações implícitas e explícitas da participação de Portugal no PISA, ou, dito de outro modo, como diferentes atores nacionais (policy-makers, gestores escolares, professores e seus sindicatos, associativismo parental, media) se apropriaram do processo e incluíram os resultados dessa participação nos discursos, nas políticas públicas e nas práticas profissionais?

Embora este seja um estudo em que a unidade de análise é o espaço nacional, as metodologias adoptados não serão as do ‘nacionalismo metodológico’. A investigação em educação requer que se esteja consciente de que o que se designa por ‘educação’ é um complexo de processos de conhecimento que são construídos em múltiplas escalas? Fora e dentro das fronteiras nacionais (Robertson & Dale 2008).

A equipa constituída reúne investigadores de várias gerações e competências científicas e percursos profissionais, entre os quais a primeira diretora do GAVE, responsável pelas participações de Portugal nos ciclos de 2000, 2003 e 2006. Nos consultores, figuram a investigadora responsável pelo primeiro estudo sobre a Literacia em Portugal (Benavente et al. 1996), depois responsável política pela participação de Portugal no PISA, e um investigador brasileiro do INEP, agência responsável pela participação desse país no PISA. O projeto beneficia do conhecimento produzido na Rede RIAIPE, onde estas problemáticas têm sido objecto de estudos nacionais.
AcrónimoPISA_PT
EstadoTerminado
Data de início/fim efetiva3/09/182/03/22

Impressão digital

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